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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Classe C impulsiona a limpeza no Brasil


Carolina Mansur

Consumo médio com material é de R$ 93,77 por pessoa. Faturamento da indústria deve chegar a R$ 15,29 bilhões



Luciene Silva Menezes e Itagiba Alves dos Santos não economizam na hora da limpeza (Gladyston Rodrigues/EM/DA PRESS)
Luciene Silva Menezes e Itagiba Alves dos Santos não economizam na hora da limpeza


Casas cada vez mais cheirosas e limpas justificam a pesquisa da Pyxis Consumo, ferramenta do Ibope, que aponta para este ano gasto médio de R$ 93,77 por brasileiro com produtos de limpeza. Na soma nacional, o consumo deve atingir R$ 15,29 bilhões – valor que supera os R$ 14,4 bilhões faturados pelo setor em 2011 e os R$ 13,5 bilhões de 2010. As responsáveis por esses números seriam as classes C, D e E, que correspondem a 52,7% dos entrevistados pela Pyxis Consumo. Na divisão por região, a pesquisa aponta que o Sudeste deverá sair na frente com quase a metade do potencial de consumo nacional com 48,65%. Em Minas Gerais, os principal público dos produtos de limpeza também pertencem às classes C, D e E, que representa 57,83% dos consumidores. O restante fica divido entre as classes A com 7,69% e a B com 34,48%. Juntos, os consumidores mineiros devem movimentar algo em torno de R$ 1,49 bilhões neste ano.

Com as boas expectativas de crescimento, o faturamento estimado pela indústria de produtos de limpeza em 2012 é de 2% a 3% acima da média da economia, que segundo analistas deverá ficar em no máximo 3% neste ano. No entanto, os mesmos artigos de limpeza responsáveis por um faturamento bilionário pouco impactam na variação da inflação. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o peso desses produtos no bolso das famílias brasileiras era de 0,78% em janeiro de 2010, enquanto hoje representa 0,83% das despesas.

Já o reajuste dos preços, segundo o IBGE, no mesmo período, foi menor que a inflação. Enquanto o reajuste dos preços dos artigos de limpeza foi de 12,58%, a inflação ficou em 15,41%, fazendo com que os produtos gerassem impacto de 0,10% na inflação. Os números reforçam, portanto, a justificativa da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), que atribui a expectativa de crescimento de faturamento ao maior poder de compra do brasileiro, viabilizado pelo aumento da renda.

Ainda de acordo com a Abipla, o bom momento também é resultado dos investimentos do setor em inovação, que viabiliza a oferta de produtos diferenciados para atender as demandas de um público cada vez mais criterioso. “Esse é um setor de muita concorrência onde todos trabalham para atender as exigências do consumidor, que são cada vez maiores e mais específicas”, revela a presidente executiva da Abipla, Maria Eugênia Proença Saldanha.

Viciada em novidades, a cabeleireira e dona de casa Luciene Silva Menezes, que compra mensalmente cerca de R$ 400 em produtos de limpeza, também não se prende a lista de compras e é adepta aos lançamentos que prometem resolver os problemas da faxina. “Hoje precisamos de um produto para a cozinha, outro para o banheiro, outro para o piso e aí vem a necessidade de testar tudo”, garante.

Como resposta de um indústria, que está mais atenta ao seu cliente, está a oferta de produtos que atendem o novo modo de consumir das donas de casa. “As consumidoras passaram por revoluções interessantes e não querem apenas um produto de limpeza, querem também produtos que sejam dermatologicamente testados, que não estraguem as unhas, mas que não deixe de atender as necessidades diárias”, revela o gerente de marketing da Ingleza, Roberto Soares.


Novidades em nanotecnologia



Para que os consumidores continuem fomentando o setor, a indústria aposta em lançamentos inusitados. As ofertas passam por produtos nanotecnológicos, que prometem tornar a limpeza mais leve evitando o acúmulo de gordura ao longo do tempo, perfumadores desenvolvidos com referências internacionais de fragrâncias, sabões em pó que prometem depositar nas roupas microcápsulas que liberam mais perfume e muitas outras novidades.

Para ganhar visibilidade nas gôndolas, as empresas investem ainda na reformulação de produtos que já estão no mercado e no lançamento de dezenas de produtos, todos os anos. O diretor de marketing da Bombril, Marcos Scaldelai, lembra que as empresas apostam em novas estratégias. “O nosso foco é investir em inovação com produtos que agreguem mais valor e criem novos nichos de mercado, que atendam a nova mulher da classe média, que agora começa a procurar por categorias de maior valor agregado”, garante.

Os produtos diferenciados e tecnológicos soam como solução para o dia a dia das donas de casa. A autônoma Dislene Antônia Gonçalves gasta boa parte do seu tempo vasculhando a seção de produtos de limpeza. “Com tanta variedade é necessário experimentar tudo o que surge para ver que tipo de produto atende as nossas reais necessidades”, explica.

Na contramão das donas de casa, o caseiro Jacob Geraldo Silva opta pelos preços mais baixos ao fazer as compras e costuma dar preferência ao tradicional. Ele garante não se deixar levar pelas tentações e novidades oferecidas. “Sempre compro o que é necessário, não fico procurando novidades que é para não comprometer a renda, que ainda não é suficiente. Prefiro comprar alimentos mais caros que produtos de limpeza mais caros”, diz. (CM)

Fonte: Estado de Minas