[Imagem: Bristol] |
Cientistas demonstraram em laboratório que nanopartículas metálicas danificam o DNA em células localizadas do outro lado de uma barreira celular, mesmo sem entrar em contato direto com elas.
Ultrapassando as barreiras
Cientistas demonstraram em laboratório que nanopartículas metálicas danificam o DNA de células localizadas do outro lado de uma barreira celular, que se supunha poder protegê-las.
As nanopartículas não causam os danos passando através da barreira, mas gerando moléculas de sinalização no interior das células da barreira, que são então transmitidas para causar os danos nas células do outro lado da barreira.
O que são nanopartículas?
Nanopartículas são partículas com dimensões na faixa dos nanômetros - 1 nanômetro equivale a 1 bilionésimo de metro. Estas partículas diminutas estão no cerne das pesquisas com nanotecnologia e estão sendo testadas para inúmeras utilizações, entre as quais como carregadoras de medicamentos no interior do corpo humano.
Apesar de serem extremamente promissoras em várias aplicações, ainda não há estudos suficientes sobre a eventual toxicidade desse material sobre as células vivas, uma vez que elas são tão pequenas que podem passar pela parede celular, matando a célula.
A presente pesquisa vem reforçar esses temores, uma vez que as nanopartículas aparentemente alteraram o DNA das células mesmo sem um contato direto com elas. O estudo foi feito por pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra, e publicado na revista Nature Nanotechnology.
Nanopartículas metálicas
Os pesquisadores cultivaram uma camada de células humanas (cerca de 3 células de espessura) em laboratório. Eles então usaram essa camada como uma barreira para examinar os efeitos indiretos de nanopartículas de cobalto-cromo sobre as células que estavam por trás desta barreira.
A intensidade dos danos causados ao DNA nas células localizadas atrás da barreira de proteção foi semelhante ao dano ao DNA causado pela exposição direta das células às nanopartículas.
"Nós precisamos ter clareza de que nosso arranjo experimental não é um modelo do corpo humano. As células submetidas à exposição foram mantidas em meios de cultura, enquanto no corpo elas podem ser separadas da barreira por tecidos conjuntivos e vasos sanguíneos. A barreira consistia de células malignas, com 3 células de espessura, enquanto no corpo humano as barreiras são mais finas e não são formadas por células malignas," explica o Dr. Patrick Case, coordenador da pesquisa.
Efeitos diretos e indiretos das nanopartículas
Gevdeep Bhabra, que realizou os experimentos, afirma: "Ainda que este trabalho tenha sido feito em laboratório, os nossos resultados sugerem a existência de um mecanismo pelo qual efeitos biológicos podem ser sinalizados através de uma barreira celular, o que nos dá insights sobre como barreiras no organismo, como a pele, a placenta e a barreira hemato-encefálica, podem funcionar."
"Se as barreiras do corpo funcionam desta forma, então isso nos dá informações sobre como pequenas partículas, tais como restos de metal ou vírus podem exercer uma influência no corpo. [A pesquisa] destaca também um mecanismo potencial pelo qual poderíamos ser capazes de aplicar novas drogas terapêuticas no futuro," afirma o Dr. Ashley Blom, outro membro da equipe.
Os resultados sugerem que tanto os efeitos diretos quanto os efeitos indiretos das nanopartículas sobre as células devem ser avaliados quando se está pesquisando sua segurança para o homem.
Fonte: Diário da Saúde