Oito associações francesas enviaram uma carta aberta ao governo francês em julho pedindo a adoção de medidas urgentes em relação à utilização dos nanomateriais na indústria.
Presentes em aditivos e colorantes, os chamados nanomateriais contêm substâncias potencialmente cancerígenas, como o dióxido de titânio. Presente no colorante E171, ele é usado pela indústria para produzir balas e chicletes, pratos industrializados, cosméticos e até medicamentos.
Um estudo divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Agronômico Europeu (Inra) mostrou que o consumo da substância por ratos pode provocar lesões pré-cancerígenas, o que levou a Agência Sanitária Francesa a recomendar novas pesquisas sobre os efeitos do colorante na saúde, principalmente em forma de pó.
MAS O QUE SÃO OS NANOMATERIAIS?
"Os nanomateriais são substâncias infinitamente pequenas, na escala do átomo, do DNA. São móveis e de comportamento imprevisível", explica Magali Ringoot, da associação "Agir para o Meio Ambiente", uma das signatárias da carta enviada ao governo.
Segundo Ringoot, as substâncias são utilizadas em larga sem que tenha havido uma avaliação prévia do efeito que elas podem provocar na saúde. "Não somos ratos de laboratório, os consumidores não são cobaias. É preciso avaliar corretamente e analisar a relação custo-benefício e a utilidade dessas substâncias antes de serem lançadas no mercado. Sem contar que elas são encontradas em balas e chicletes, expondo as crianças", explica.
As propriedades das nanopartículas que interessam à indústria são as mesmas que as permitem atravessar as barreiras hemato-encefálicas, cutâneas, intestinais ou olfativas, em níveis que a ciência ainda não domina totalmente. É aí que mora o risco. "É menor do que uma célula, o que faz com que as nanopartículas possam entrar dentro das células e seus compartimentos", explicou o cientista Nicolas Tsapis, do Instituto Gallien Sud, em entrevista à RFI.
RASTREAMENTO
As associações defendem uma nova legislação que responda à necessidade dos consumidores. "Temos um grande atraso na regulamentação e faz anos que pedimos que ela se adapte ao mercado", diz Ringoot. Aditivos e colorantes se beneficiam do segredo comercial que protege a atividade da indústria química e isso dá pouca margem de ação, afirma.
Isso explica, segundo a representante da ONG francesa, a importância do rastreamento, da adoção do princípio de precaução e da informação. Muitas vezes as etiquetas dos produtos não mencionam a existência dos nanomateriais.
Há sinais de evolução. Desde 2013, o governo francês impõe uma declaração obrigatória dessas substâncias, sejam elas importadas, fabricadas ou vendidas na França. No último dia 13 de julho, o presidente francês Emmanuel Macron também anunciou o lançamento de um programa conjunto com a Alemanha sobre as nanotecnologias. "Esperamos que haja discussões em torno da avaliação e será aplicado. Por enquanto, não temos nenhuma garantia", conclui Ringoot.
Fonte: Folha de S. Paulo
Presentes em aditivos e colorantes, os chamados nanomateriais contêm substâncias potencialmente cancerígenas, como o dióxido de titânio. Presente no colorante E171, ele é usado pela indústria para produzir balas e chicletes, pratos industrializados, cosméticos e até medicamentos.
Um estudo divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Agronômico Europeu (Inra) mostrou que o consumo da substância por ratos pode provocar lesões pré-cancerígenas, o que levou a Agência Sanitária Francesa a recomendar novas pesquisas sobre os efeitos do colorante na saúde, principalmente em forma de pó.
MAS O QUE SÃO OS NANOMATERIAIS?
"Os nanomateriais são substâncias infinitamente pequenas, na escala do átomo, do DNA. São móveis e de comportamento imprevisível", explica Magali Ringoot, da associação "Agir para o Meio Ambiente", uma das signatárias da carta enviada ao governo.
Segundo Ringoot, as substâncias são utilizadas em larga sem que tenha havido uma avaliação prévia do efeito que elas podem provocar na saúde. "Não somos ratos de laboratório, os consumidores não são cobaias. É preciso avaliar corretamente e analisar a relação custo-benefício e a utilidade dessas substâncias antes de serem lançadas no mercado. Sem contar que elas são encontradas em balas e chicletes, expondo as crianças", explica.
As propriedades das nanopartículas que interessam à indústria são as mesmas que as permitem atravessar as barreiras hemato-encefálicas, cutâneas, intestinais ou olfativas, em níveis que a ciência ainda não domina totalmente. É aí que mora o risco. "É menor do que uma célula, o que faz com que as nanopartículas possam entrar dentro das células e seus compartimentos", explicou o cientista Nicolas Tsapis, do Instituto Gallien Sud, em entrevista à RFI.
RASTREAMENTO
As associações defendem uma nova legislação que responda à necessidade dos consumidores. "Temos um grande atraso na regulamentação e faz anos que pedimos que ela se adapte ao mercado", diz Ringoot. Aditivos e colorantes se beneficiam do segredo comercial que protege a atividade da indústria química e isso dá pouca margem de ação, afirma.
Isso explica, segundo a representante da ONG francesa, a importância do rastreamento, da adoção do princípio de precaução e da informação. Muitas vezes as etiquetas dos produtos não mencionam a existência dos nanomateriais.
Há sinais de evolução. Desde 2013, o governo francês impõe uma declaração obrigatória dessas substâncias, sejam elas importadas, fabricadas ou vendidas na França. No último dia 13 de julho, o presidente francês Emmanuel Macron também anunciou o lançamento de um programa conjunto com a Alemanha sobre as nanotecnologias. "Esperamos que haja discussões em torno da avaliação e será aplicado. Por enquanto, não temos nenhuma garantia", conclui Ringoot.
Fonte: Folha de S. Paulo