Pesquisar este blog

Translate

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nanotêxteis e nanorrevestimentos: avaliação de risco

Nanotêxteis e nanorrevestimentos: avaliação de risco
Um novo estudo desenvolveu critérios de avaliação de risco para nanomateriais engenheirados (ENMs) para auxiliar na informação da inovação e nas decisões políticas. O estudo “Efeitos ambientais e de saúde de nanomateriais em nanotêxteis e revestimentos de fachadas” esclarece que o design do produto pode influenciar a liberação involuntária de ENMs e que, é possível fazer escolhas responsáveis, combinando conhecimento sobre o ciclo de vida do produto com uma supervisão sistemática dos potenciais riscos, quando do desenvolvimento de futuros produtos.

A saúde humana e ambiental podem ser prejudicadas pela liberação involuntária de ENMs usados em produtos tais como têxteis e revestimentos de fachadas e edifícios. Os ENMs são finamente divididos para que se aproveitem suas propriedades únicas – físicas, químicas e mecânicas –, originadas em função de escalas muito pequenas, de até um décimo de milésimo de milímetro de tamanho. Os ENMs são de considerável valor na construção, nos setores médico e de transporte por serem autolimpantes. Além disso, podem ser resistentes à radiação ultravioleta, retardadores de chama, resistentes à prova de risco e apresentarem propriedades de resistência à sujeira.

Por enquanto, muito pouco pode ser concluído, de forma totalmente confiável, sobre a exposição aos ENMs e seus potenciais riscos. Entretanto, pelo fato das decisões sobre seu desenvolvimento terem que ser tomadas hoje, o estudo conduzido, em parte dentro do Projeto NanoHouse, oferece critérios de avaliação para ajudar a assegurar que o desenvolvimento seja tão sustentável e seguro quanto possível, frente à revisão da regulamentação da nanotecnologia, realizada em 2010.
Os pesquisadores avaliaram o que se entende atualmente sobre os riscos potenciais colocados pelos ENMs usados em nanotêxteis e revestimentos de fachadas de edifícios, por meio de uma vasta revisão dos estudos científicos prévios, utilização de modelagem matemática do comportamento de novos ENMs e toxicologia para humanos. Os pesquisadores identificaram critérios para a saúde humana e o meio ambiente, os quais incluem: efeitos ambientais; solubilidade em água; sedimentação; estabilidade durante incineração; impacto sobre instalações de tratamento de água; toxicidade em humanos; prejuízo ao DNA; transposição e danos às barreiras de tecidos, efeitos de translocação na pele, trato intestinal ou respiratório.

Dependendo do design do produto, uma fração de ENMs é liberada diretamente no ar, provavelmente associada com partículas de tamanho maior. O nanodióxido de titânio está entre uma série de ENMs que têm sido ligados a diferentes graus de disrupção para as funções celulares do cérebro, pulmões e outros órgãos vitais. O principal ponto de entrada de nanopartículas livres são os pulmões. Alguns testes mostraram que os ENMs podem potencialmente levar a danos nos tecidos pulmonares. Seja como for, é importante lembrar que poucos estudos investigaram a toxicidade crônica dos ENMs. Conclusões claras ainda não podem ser tiradas. É difícil quantificar, no presente, o risco preciso para a saúde humana. Existem ainda muitas incertezas, dizem os pesquisadores.  Além disso, ainda não há métodos confiáveis ou ferramentas para avaliar os níveis de exposição. Em testes, a exposição da pele a diferentes tipos de ENMs não provocou qualquer efeito agudo e a translocação de ENMs não tem sido observada. O tamanha, pureza e forma química dos ENMs podem também variar bastante. A exposição depende fortemente da forma como os produtos são projetados, usados, transportados, estocados e reciclados. É também provável que alguns ENMs mudem com o tempo e sob condições particulares, alterando, possivelmente, sua toxicidade.

Os pesquisadores recomendam investigações dedicadas de produtos ENMs específicos, usando seus critérios de avaliação de riscos, a fim de não só avaliar, mas também minimizar riscos potenciais. Isto é particularmente urgente no setor de construção, uma vez que se acredita que – em 2015 –, 15% a 30% dos revestimentos de fachadas dos edifícios serão baseados em nanomateriais.

Comissão Europeia (Tradução – MIA)

Saiba mais:
O artigo original, de título Environmental and health effects of nanomaterials in nanotextiles and façade coatings, de autoria de Claudia Som, Peter Wick, Harald Krug e Bernd Nowack foi publicado na revista Environment International, volume 37, número 6, páginas 1131-1142, 2011.



Fonte: ABDI