Além de usadas em cosméticos e produtos de uso pessoal, as nanopartículas estão sendo pesquisadas para transportar medicamentos no corpo humano. [Imagem: Cortesia de Hannu Hakkinen] |
As nanopartículas são a face mais pesquisada no campo da nanotecnologia voltada à saúde.
Seu principal uso é como carreador de medicamentos, levando as moléculas das drogas diretamente ao local do tratamento, de forma a otimizar os resultados e diminuir os efeitos colaterais.
E, quando se fala de nanopartículas, as consideradas melhores são as de ouro, porque o ouro é inerte e, aparentemente, não faz qualquer mal à saúde humana.
Mas esse pressuposto acaba de ser contestado por um grupo de cientistas da Universidade de Stony Brooks (EUA).
Segundo eles, as nanopartículas de ouro puro, que também já são usadas em produtos de uso pessoal e cosméticos, diminuem o ritmo do processo de cicatrização, aceleram a formação de rugas e inibem o armazenamento de gordura.
As nanopartículas de ouro também são usadas como agentes de contraste em exames de ressonância magnética.
Danos da nanopartículas às células
Para realizar o estudo publicado na revista Nanotoxicology, os pesquisadores testaram o impacto das nanopartículas em culturas de vários tipos de células, incluindo tecido adiposo (gordura), para determinar se as suas funções básicas seriam interrompidas quando expostas a doses de nanopartículas muito baixas.
Nesse caso o acúmulo de gordura referido pelos pesquisadores não tem a ver com a obesidade, mas com a formação do tecido adiposo normal, que protege o corpo do calor e do frio, funciona como uma reserva de nutrientes e serve como uma espécie de amortecedor em órgãos internos.
Os cientistas descobriram que as nanopartículas de ouro entram quase que instantaneamente nas células do estroma derivadas do tecido adiposo humano - um tipo de célula-tronco adulta - e que as nanopartículas se acumulam nas células sem que exista uma via óbvia para sua eliminação.
A presença das nanopartículas interrompeu várias funções celulares, incluindo o movimento, a replicação (divisão celular) e a contração do colágeno, todos processos que são essenciais na cicatrização de ferimentos.
A inibição da contração do colágeno também pode acelerar o processo de formação de rugas na pele.
Além disso, as nanopartículas de ouro puro interferem com a regulação genética, com a expressão do RNA e inibem a capacidade de diferenciação dos adipócitos, as células de gordura adultas.
"Reduções causadas pelas nanopartículas de ouro podem resultar em mudanças sistêmicas para o corpo," disse Tatsiana Mironava, coordenadora do estudo.
Riscos das nanopartículas
"Como [as nanopartículas de ouro] vinham sendo consideradas inertes e essencialmente inofensivas, assumiu-se que as nanopartículas de ouro puro seriam também seguras. As provas em contrário estão começando a emergir," concluiu a pesquisadora.
De fato, vários estudos têm levantado alertas sobre os riscos potenciais das nanopartículas à saúde humana, o que levou a Organização Mundial da Saúde a começar a mapear os riscos da Nanotecnologia:
- Efeitos da nanopartículas sobre a saúde podem estar errados
- Nanopartículas podem danificar DNA das células
- Nanopartículas podem ser tão perigosas quanto amianto?
Fonte: Diário da Saúde