Novo método promete tratamentos mais eficazes para males que acometem os olhos. Trata-se de mais um dos truques da nanotecnologia.
A nova estratégia
terapêutica pode ser usada em qualquer doença que afete a parte superficial dos olhos, desde infecções fúngicas ou bacterianas até glaucomas. (foto: Wikimedia Commons/ Rotfloleb – CC BY SA 3.0) |
Seus olhos ardem. O médico receita um colírio – e aquelas bem-vindas
gotas aliviam seu desconforto por alguns instantes. Mas há um problema: o
efeito de qualquer fluido, após aplicado sobre nossa córnea, costuma
durar apenas alguns instantes.
“É porque a formulação fica muito pouco tempo em contato com o olho”,
explica a farmacêutica Taís Gratieri, da Universidade de Brasília
(UnB). Em menos de cinco minutos, o líquido é drenado pelas vias
lacrimais. Assim, nem sempre penetra o tecido e surte o efeito desejado.
Por isso, Gratieri vem estudando um método capaz de fazer o fármaco permanecer em contato com o olho por mais tempo. Assim o princípio ativo do medicamento – seja ele qual for – teria maior interação com a região ocular e seus efeitos curativos seriam potencializados.
E não é que deu certo? A boa sacada rendeu à pesquisadora o Prêmio para Mulheres na Ciência, concedido pela L’Oréal Brasil em parceria com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Traduzindo: o remédio ‘gruda’ na camada de muco que recobre a superfície da córnea e ali fica por muito mais tempo. Garante-se assim que a aplicação seja mais bem aproveitada pelo nosso organismo.
O método pode ser aplicado para uma gama ampla de males – desde
infecções fúngicas ou bacterianas até glaucomas. “A técnica pode ser
útil no tratamento de praticamente qualquer doença que acomete a parte
superficial do olho”, diz a pesquisadora da UnB.
“Já concluímos a primeira etapa do estudo: desenvolvemos as nanopartículas lipídicas e nela encapsulamos um antifúngico para o tratamento de ceratite fúngica”, diz Gratieri. “Mas ainda estamos desenvolvendo o processo de recobrimento dessas partículas, o que ainda pode levar algum tempo”, contextualiza.
Atualmente, os estudos estão sendo feitos em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG).
Se tudo der certo, dentro de alguns anos testes clínicos deverão colocar o novo medicamento à prova. Previsões para que o tratamento esteja disponível à população? É cedo para dizer.
Por isso, Gratieri vem estudando um método capaz de fazer o fármaco permanecer em contato com o olho por mais tempo. Assim o princípio ativo do medicamento – seja ele qual for – teria maior interação com a região ocular e seus efeitos curativos seriam potencializados.
E não é que deu certo? A boa sacada rendeu à pesquisadora o Prêmio para Mulheres na Ciência, concedido pela L’Oréal Brasil em parceria com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Nanotecnologia, sempre ela
O truque é bastante simples – isto é, simples em teoria. Gratieri desenvolveu um método que utiliza nanopartículas lipídicas capazes de encapsular um fármaco qualquer e atuar de maneira mucoadesiva.Traduzindo: o remédio ‘gruda’ na camada de muco que recobre a superfície da córnea e ali fica por muito mais tempo. Garante-se assim que a aplicação seja mais bem aproveitada pelo nosso organismo.
“Fizemos estudos in vitro com córnea de porco e de vaca e os
resultados foram positivos”, conta a pesquisadora. “As nanopartículas
lipídicas também aumentam a solubilização do fármaco, o que permite
aumentar sua concentração na formulação, tornando a terapia mais
eficiente”, acrescenta. A equipe espera iniciar estudos clínicos em
breve.
Não tão depressa
As notícias são boas. Mas, em se tratando de pesquisas na área médica, avanços costumam ser lentos. Que o leitor não pense que um novo e milagroso colírio, por exemplo, estará à venda já no ano que vem ali na farmácia da esquina.“Já concluímos a primeira etapa do estudo: desenvolvemos as nanopartículas lipídicas e nela encapsulamos um antifúngico para o tratamento de ceratite fúngica”, diz Gratieri. “Mas ainda estamos desenvolvendo o processo de recobrimento dessas partículas, o que ainda pode levar algum tempo”, contextualiza.
Atualmente, os estudos estão sendo feitos em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG).
Se tudo der certo, dentro de alguns anos testes clínicos deverão colocar o novo medicamento à prova. Previsões para que o tratamento esteja disponível à população? É cedo para dizer.
Henrique Kugler
Ciência Hoje On-line
Fonte: Ciência Hoje