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sábado, 4 de fevereiro de 2012

Nanomateriais no mercado

Pequenas substâncias chamadas nanomateriais chegaram ao mercado ao longo da última década em produtos tão variados quanto cosméticos, roupas e tintas, mas não se sabe o bastante sobre seus potenciais riscos ambientais e à saúde, que devem ser mais estudados, afirma um painel de especialistas da Academia Nacional de Ciências dos EUA.

Versões em nanoescala de elementos como prata, carbono, zinco e alumínio têm muitas propriedades úteis. 
Bloqueadores solares com óxido de zinco nanométrico, por exemplo, espalham-se suavemente, enquanto o nanocarbono é mais leve e forte do que sua forma comum.
Mas os pesquisadores dizem que estes e outros produtos podem ser ingeridos, inalados e possivelmente absorvidos pela pele, assim como penetrar no meio ambiente durante sua fabricação ou descarte.


Os nanomateriais são construídos em escalas de um bilionésimo de metro - algo como um décimo de milhar da espessura de um fio de cabelo humano, ou até menos. Segundo o relatório da academia americana, porém, seus efeitos, se é que existem, sobre a saúde e o ambiente são desconhecidos, existindo "hiatos críticos" na sua compreensão que já foram identificados, mas "ainda não foram abordados com a pesquisa necessária"



E, como a nanotecnologia é um mercado em expansão - ela representou vendas de US$ 225 bilhões em 2009, e espera-se que cresça rapidamente na próxima década -, "os atuais cenários de exposição podem não refletir aqueles do futuro", destaca o documento.

Diante disso, o painel pede um esforço nas pesquisas em quatro partes: a identificação das fontes de liberação dos nanomateriais; os processos que afetam a exposição a eles e seus perigos; as interações dos nanomateriais do nível subcelular ao de ecossistemas inteiros; e formas de acelerar as pesquisas em curso.

"Muitas coisas estão sendo feitas agora, mas precisamos pensar em como reagrupar estes esforços para conseguir mais força no processo", defende Mark R. Wiesner, professor de engenharia da Universidade de Duke e integrante do painel. Como diretor do Centro para as Implicações Ambientais da Nanotecnologia da instituição, ele lidera um grupo que estuda as movimentações e os efeitos dos nanomateriais no meio ambiente.
"Podemos excluir essas coisas na base do caso a caso, mas o número e variedade dos nanomateriais possíveis é de se ficar tonto. Não há béqueres suficientes para fazer todos os experimentos necessários". 

A última vez que a academia americana abordou este problema foi em um relatório de 2008, que incluía uma crítica à Iniciativa Nacional de Nanotecnologia, um órgão federal que coordena as atividades relacionadas ao setor entre as diversas agências do governo. 



No relatório, o painel reconheceu os avanços feitos pelo órgão, mas acrescentou que "não está havendo conexão suficiente entre as pesquisas e suas descobertas e a criação de estratégias para prevenir e gerenciar riscos". 


O relatório também destacou que a iniciativa não tem orçamento e autoridade gerencial bastantes para direcionar as pesquisas, além do fato de seu duplo papel de promotora e mitigadora de riscos da nanotecnologia "impede a implementação e avaliação" das pesquisas sobre seus perigos.

O painel da academia americana foi convocado pelo Conselho Nacional de Pesquisas, seu braço de estudos, a pedido da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, e publicou seu relatório na internet nesta semana. Jonathan M. Samet, epidemiologista da Universidade do Sul da Califórnia e presidente do painel, disse que seu grupo revisitará a questão em 18 meses. Até lá, ele espera "que o planejamento esteja pronto e a Iniciativa Nacional de Nanotecnologia e outros órgão estejam avançando" com as pesquisas.

Saiba mais sobre nanotecnologiaNa nanotecnologia, a matéria é manipulada em termos de átomos e moléculas, produzindo compostos com propriedades únicas devido ao seu reduzido tamanho. Saiba mais sobre os nanomateriais:

Tamanho - Em geral, os cientistas trabalham com estruturas entre 1 e 100 nanômetros, ou bilionésimos de metro. Para se ter uma ideia, um fio de cabelo tem, em média, uma espessura de 70 a 100 micrômetros, ou milionésimos de metro, ou seja, é pelo menos mil vezes maior.

Usos - Os materiais nanométricos são usados em diversos produtos, de cosméticos a alimentos. Pesquisas indicam que eles podem ser empregados para levar remédios diretamente para os locais do corpo onde seriam necessários, enquanto motores e dispositivos eletrônicos nanométricos têm o potencial de revolucionar a indústria da informática. Exércitos de nanorobôs também poderiam ser utilizados para ajudar na limpeza de desastres ambientais, como vazamentos de petróleo.

Fabricação - Já existem diversas formas de produzir nanomateriais. No início, microscópios de tunelamento e de força atômica eram empregados para manipular átomos e moléculas nesta escala. Hoje, vários tipos de litografia usando raios-X, feixes de elétrons e outros processos também são utilizados. O grande desafio, no entanto, continua a ser encontrar formas de produzir nanomateriais em larga escala, de forma eficiente e a baixo custo.

Colaborou Cordelia Dean



Fonte: ABDI