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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Política especial para Nanotecnologia vai estimular aplicação da pesquisa na indústria

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Esforço conjunto de oito ministérios caminha para a edição de portaria que vai criar um conselho consultivo para definir as diretrizes do governo para a nanotecnologia, como é conhecida a capacidade tecnológica de manipular a matéria de tamanho atômico, de 1 a 100 nanômetros – cada nanômetro tem um milionésimo de milímetro, ou seja, uma unidade 10 mil vezes menor que o diâmetro do fio de cabelo.
A intenção do governo é estimular a pesquisa básica, a pesquisa aplicada na indústria e o desenvolvimento de materiais em diversos ramos de atividade produtiva, como a indústria têxtil, eletrônica, farmacêutica, de cosméticos e de plástico, além de agricultura e produção de energia.
O conselho consultivo vai arbitrar sobre a proposta que o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) deverá fechar até março para o segmento. Segundo a Estratégia Nacional do MCTI, lançada no ano passado, a proposta tratará da formação de pesquisadores e da infraestrutura dos laboratórios de pesquisa; criará políticas para aumentar o número de empresas que desenvolvem nanotecnologia; e estabelecerá parâmetros para a cooperação internacional.
Além disso, a estratégia prevê a criação do Sistema Nacional de Laboratórios em Nanociências e Nanotecnologias (SisNano) para aumentar a interação entre os pesquisadores.

“É preocupação do atual ministro [Marco Antonio Raupp, do MCTI] nós estabelecermos uma governança do sistema”, revela o físico Adalberto Fazzio, coordenador-geral de Micro e Nanotecnologias da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI.
Segundo ele, o desenvolvimento industrial do país depende de pesquisa e investimento em nanotecnologia. “Se nós queremos inovação, se queremos uma indústria de manufaturados forte, temos que ter uma tecnologia forte. Hoje, isso passa por ter a nanotecnologia”, defendeu em entrevista à Agência Brasil.
O MCTI conta com 16 institutos nacionais de ciência e tecnologia (INCTs) dedicados a estudos de nanotecnologia, o que representa cerca de 13% dos INCTs, além de mais dez unidades de pesquisa atuando na área.

De acordo com o Panorama da Nanotecnologia, publicado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industria (ABDI), 2.242 pesquisadores brasileiros escreveram 833 artigos científicos entre 2005 e 2008 a respeito do assunto; e quase 70% dos artigos são de pesquisadores vinculados a universidades e institutos de pesquisa de São Paulo, sendo 204 artigos da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com Fazzio, os pesquisadores “estão sedentos por interagir com as empresas”. A intenção do MCTI é aportar investimentos na melhoria e aquisição de equipamentos para os laboratórios dos institutos e universidade, e estimular parcerias com empresas que buscam inovação em nanotecnologia.
A disposição do governo é bem vista na indústria. Para o diretor de Assuntos Industriais da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Marcelo Kós Silveira Campos, a política de nanotecnologia “deve envolver o desenvolvimento tecnológico e também focar o mercado”. 
Ele espera que a iniciativa resulte na elaboração de um marco regulatório para pesquisa e uso de nanotecnologias. Ainda são pouco conhecidos os riscos potenciais à saúde humana e animal e ao meio ambiente com o desenvolvimento das nanotecnologias.
Ele lembra que o país ocupa uma posição pouco expressiva no desenvolvimento de nanotecnologias. “Há distâncias no país entre o desenvolvimento científico e o passo seguinte necessário para transformar isso em alguma funcionalidade e depois transformar em inovação”, lembra.
Mais de 600 empresas informaram desenvolver atividades relacionadas à nanotecnologia à Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), feita pelo IBGE em 2008
Conforme a ABDI, o Brasil é o 25º país no ranking mundial de nanotecnologia. “Observa-se um reduzido número de empresas que incorporam nanotecnologias em seus produtos ou processos ou que fabricam nanomateriais […] Esse fato tem forte relação com a posição pouco expressiva do Brasil em relação ao seu portfólio de patentes”, descreve  a ABDI na publicação Panorama da Nanotecnologia.
Edição: Lana Cristina