Droga atinge tumor de maneira mais eficaz que quimioterápico padrão.
Medicação é indicada para tratamento de tumores sólidos.
A droga é a primeira aposta programada da nanomedicina em medicamentos com vista a estudos clínicos em humanos. O estudo foi publicado na edição eletrônica da revista científica “Science Translational Medicine” nesta quarta-feira (4).
No estudo, os pesquisadores demonstram a capacidade da BIND-014 de atingir um receptor que faz chegar altas concentrações da droga no tumor, ao mesmo tempo em que mostra notável eficácia, segurança e propriedades farmacológicas comparadas ao quimioterapêutico docetaxel (Taxotere).
"A BIND-014 demonstrou, pela primeira vez, que é possível gerar medicamentos com propriedades orientadas e programadas que podem concentrar o efeito terapêutico diretamente no local da doença, revolucionando a forma como as doenças complexas, tais como o câncer, são tratadas", disse Omid Farokhzad , um dos autores do estudo e médico-cientista do Departamento de Anestesiologia do Brigham and Women's Hospital (BWH), uma das entidades que participaram da pesquisa.
"As tentativas anteriores de desenvolver nanopartículas orientadas não tiveram sucesso em estudos clínicos em humanos, devido à dificuldade de conceber e dimensionar uma partícula capaz de atingir a evasão tumoral à resposta imune [capacidade dos tumores de evitar que sejam destruídos pelo sistema de defesa do organismo]", disse Robert Langer, outro autor do estudo e professor do Instituto David H. Koch para Pesquisa Integrativa de Câncer do Instituto de de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Mundança de paradigma no tratamento do câncer
De acordo com os pesquisadores, a medicação é a primeira deste tipo a alcançar a avaliação clínica e demonstrar uma concentração de droga diferencialmente elevada em tumores atingidos por nanopartículas encapsuladas.
A administração do medicamento mostrou ainda um aumento de até 10 vezes nas concentrações de droga dentro de tumores, com a supressão de seu crescimento melhorada e prolongada em vários modelos de tumores em comparação com o quimioterápico.
"Tem sido um privilégio fazer parte da equipe que desenvolveu essa tecnologia na sua concepção até sua tradução clínica. O BIND-014 forneceu dados clínicos que mostram sinais de eficácia, mesmo em doses relativamente baixas, validando o impacto revolucionário da nanomedicina e é uma mudança de paradigma para o tratamento de câncer. " , disse Philip W. Kantoff, professor de Medicina na Harvard Medical School e também co-autor do estudo.
A pesquisa e o desenvolvimento da nanomedicina programável para mostrar efeitos anti-tumorais em humanos representa mais de uma década de pesquisa realizada inicialmente em laboratórios acadêmicos no BWH e no MIT, com financiamento do National Cancer Institute, junto às instituições citadas, entre outras.
Fonte: G1