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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Estudo em coelhos consegue tratar paralisia cerebral


Animais foram tratados assim que nasceram e recuperaram movimentos. Hoje, distúrbio é considerado 'incurável' em humanos.


Um novo tratamento fez com que coelhos nascidos com paralisia cerebral recuperassem uma mobilidade quase normal. A experiência representa um avanço no combate ao distúrbio, que hoje é incurável, e traz esperança aos pacientes humanos. 

O método, parte do campo crescente da nanomedicina, libera um medicamento anti-inflamatório diretamente nas partes comprometidas do cérebro, através de minúsculas moléculas em cascata conhecidas como dendrímeros.

Filhotes de coelho tratados até seis horas depois do nascimento tiveram uma "melhora dramática na função motora" no quinto dia de vida, disse a autora principal do estudo, Sujatha Kannan, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e do Departamento de Pesquisa de Perinatologia e Desenvolvimento Humano dos Estados Unidos.

O estudo foi publicado no jornal científico americano "Science Translational Medicine" desta semana.

Os coelhos que nasceram imóveis por causa da paralisia se movimentavam em "níveis quase normais no quinto dia", destacou um artigo que acompanhou o estudo e foi publicado no mesmo periódico pelo pedriatra Sidhartha Tan, de Chicago.

A droga usada foi uma comumente empregada para tratar pessoas com intoxicação por acetaminofeno (paracetamol), conhecida como N-acetil-L-cistina ou NAC, e foi dada em uma dose 10 vezes menor.

A dose menor foi bem sucedida porque o método de aplicação, que usou a nanotecnologia, facilitou a chegada do medicamento ao cérebro, desativando prontamente a inflamação.

Intervenção precoce
Kannan explicou que sua equipe usou coelhos como cobaias porque, assim como os humanos, seus cérebros se desenvolvem parte antes e parte depois do nascimento, enquanto a maioria dos outros animais nascem com suas habilidades motoras já formadas.

"Uma vantagem disso é que podemos testar tratamentos e olhar para a melhora na função motora usando este tipo de modelo animal", explicou a médica.

Enquanto especialistas afirmam que levará anos até que se conheça totalmente esta abordagem, a pesquisa demonstra uma prova importante que a intervenção precoce consegue reverter o dano cerebral.

"A importância deste trabalho é que ele indica que há uma janela no tempo, imediatamente após o nascimento, quando a neuroinflamação pode ser identificada e quando o tratamento com um nanodispositivo pode reverter os efeitos da paralisia cerebral", afirmou o co-autor do estudo, Roberto Romero, obstetra do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano.

'Incurável'
A paralisia cerebral afeta cerca de 750 mil crianças e adultos nos Estados Unidos e sua taxa de prevalência é de cerca de 3,3 por mil nascimentos, segundo Romero.

O distúrbio pode causar dificuldades severas em controlar os músculos, incapacidade de caminhar, se movimentar ou engolir. Alguns pacientes também podem sofrer atrasos cognitivios e anormalidades no desenvolvimento.

Uma das principais causas da paralisia cerebral é o nascimento prematuro, mas a doença não costuma ser diagnosticada antes dos 2 anos.

"No momento em que fazemos o diagnóstico, há muito pouco que podemos fazer", disse Romero, descrevendo a paralisia cerebral como "uma doença incurável por toda a vida".



Fonte: G1